sexta-feira, 7 de março de 2014

É la.


     É.
     Ela.
     Senti a necessidade nessa madrugada de escrever sobre o que achei desse filme. Quero me desatar das regras da crítica amadora de filmes para simplesmente descrever o que eu vi. E os pensamentos que passaram pela minha cabeça quando o vi.
     Então vamos lá.
     No momento em que olhei o poster do filme me senti abraçada por uma cor rósea que se enlaçou de maneira carinhosa em mim e não saiu até um pouco depois do fim da película, assim como as cores que perpassam o filme, a exemplo da camiseta laranja vibrante que Joaquin Phoenix mostra na imagem acima. O filme e cheio dessas cores vibrantes, alegres e quentes.
     No início do filme nos deparamos com um personagem principal que é de certa forma ingênuo e vivido. Separado da mulher que amava, vive sozinho na "cidade grande". E uso o termo como eufemismo para megalópole, pois em vários momentos pude ver uma paisagem que representa Nova York, ou Londres, ou Beijing, ou Singapura, ou todas elas juntas. Prédios, Prédios, Prédios altos, baixos, pontiagudos, retos, de arquitetura moderna, de arquitetura clássica. O apartamento em que o personagem - Theodore - mora é bem amplo, moderno, com várias partes em vidro, uma varanda ampla que tem vista para vários outros...Prédios. Me questionei se a transparência refletia algum aspecto emocional do personagem, mas como não estudei o filme a fundo e só o assisti UMA vez, "fica no ar", que, por acaso, também é transparente.
     Outro aspecto que transpassa o filme é a tecnologia. Carta escrita com a letra cursiva da pessoa que dita palavras ao computador. Simultaneamente. Ao terminar, basta imprimir o papel. E a letra não precisa ser necessariamente sua, pode ser de outro que está muito ocupado fazendo outras coisas. Esse filme sai dos trilhos do tradicional desde o início. E, na minha opinião, encanta a cada momento. Tecnologia também do celular, que 'lê" as notícias em "voz alta", inclusive os spams que tanto vemos em nossas caixas atualmente. Notícia ouvida, e no caso de mais interesse, notícia vista nesse "quadradinho" à esquerda do personagem, também na foto. E é nesse ambiente que a trama se desenrola...
     O personagem assiste uma propaganda. "- Mas elas AINDA EXISTEM no futuro??" - o leitor pergunta. Eu respondo: - Sim. Para o nosso desespero. E num nível ainda mais desesperador. A solidão continua, mas agora podemos nos distrair conversando com sistemas operacionais (o que levou minha mente diretamente à apple, no temor de que algum desenvolvedor da tal empresa resolva trabalhar nisso -oh Deus, por favor NÃO) de inteligência artificial altamente avançados. Tchãrãm. Felizes? Eu também não fiquei não. Imagine um facebook que interage com você como um ser animado, tão verossímil a um ser humano que chega a assustar. Viro minha plaquinha da churrascaria do verde para o vermelho sangue que diz "NÃO, OBRIGADO". Mas Theodore, vê aquela propaganda em que todos estão TÃO felizes...Hmm, porque não? E compra o tal sistema. E não é que ele acaba comprando a voz da Scarlett Johansson? Sortudo. Mas o filme não é só sobre isso. É sobre relacionamentos, é sobre se apaixonar. É sobre se apaixonar por um sistema operacional (OS). Imaginou o Frankenstein? Eu também. O mais engraçado é como isso é aceito por sua amiga, que também está namorando um OS. 
    Ao mesmo tempo em que muitos acharam essa ideia estranha e esquisita, senti que o relacionamento se encaixava no tipo de narrativa, e aceitei bem a ideia. Porque no fundo, no fundo, o filme busca questionar até onde podemos dizer que um relacionamento é um relacionamento. Acho que foi Walter Benjamin que disse que a solidão também é causada pelas multidões. E nossa maneira individualista de viver. Cada um no seu "quadrado", ou nos metros quadrados de seu próprio apartamento. O que para alguns é um vale-rivotril. Levemos adiante o texto. Até que ponto namorar um computador é "ter um relacionamento"? as palavras trocadas entre Theodore e Samantha(OS) trazem à vida do personagem alegria, bem-estar. Theodore passeia pelas ruas conversando animadamente com Samantha.  Ela o faz sentir como nunca se sentiu antes. E ela o faz amadurecer na forma de ver os relacionamentos (sem spoiler- :) ). Tudo isso regado a muita música, piano, prédios, praia, laranja, cor-de-rosa, e Theodore sou-sensível-até-o-limite-da-heterosexualidade. Senti que poderia assistir esse filme repetidamente sem enjoar da narrativa, sem saber o "resultado" da estória, que na verdade, é tão globalizada que globaliza o seu fim. Tudo muda rápido e nos tornamos reflexivos sobre a nossa existência e sobre os porquês da vida.
     Recomendo apaixonadamente o filme, apesar de saber que não é para todos. Quer dizer, é para todos, mas aproveitarão mais tanto das imagens quanto dos possíveis significados aqueles que gostarem e estudarem ARTE. Só posso dizer que achei o filme uma obra de arte. Evoca sensações, reflexões, ideias, risos, melancolia, ficção científica, e a crítica da nossa não-tão-querida-assim realidade. E de maneira incrívelmente suave.


    Até a próxima. Te vejo depois.


sábado, 26 de outubro de 2013

Há pouco a lipse.


     Parece até que dá pra ouvir a voz da Adele ao fundo cantando com aquela voz grave "Thiz iz Thi E-e-end...Hold your breath and co-o-ount to ten"...
     De onde vem essa nossa produção tão prolífica de fins do mundo?
     O mais interessante é o significado da palavra Apocalipse, que é revelar, descobrir...
     Esse fim iminente que todos nós nesse subconsciente coletivo consciente de algo não está certo e de que alguma coisa terá que mudar para que tudo entre nos eixos...O que é? 
     Acho que vem também da intrínseca consciência de que temos do que é certo X errado e a certeza que temos de que muitas coisas estão bem erradas.
    O que me chama a atenção nesses filmes de zumbi, especialmente nesse último que assisti "Guerra Mundial Z", é uma sensação geral de adrenalina e conexão ao mesmo tempo. É um fim que permite finalmente um recomeço. Primeiro o caos de ver as pessoas correndo por suas vidas, saqueando os supermercados, o desespero, a sensação de desamparo e depois a adrenalina de ter que lidar com a "besta", o retrato de uma imagem também subconsciente de decadência, de seres humanos que deixaram de viver e não são mais racionais, agem como bichos, apesar de serem os não-mortos (undead). 
     É como se houvesse finalmente uma comoção mundial em torno um objetivo em comum: sobreviver. E nada nos faz sentir tão...Vivos. E com vontade de assim continuar. É um instinto tão básico, mas que só pode ser visto, liberado e desenvolvido em certos momentos-chave de necessidade, fica guardado todo o resto do tempo. Uma sensação adrenalínica que nos mantém em movimento mesmo nos piores momentos para que sigamos em frente. Eu tenho a ligeira impressão de que muitos realmente desejam o Apocalipse, sério. Eu acho que as pessoas desejam sentir. O desespero torna os sentimentos muito mais vívidos e a sensação de união entre as pessoas se torna muito maior também. A sua vida já não gira em torno de algo como seu salário ou como será o próximo mês. Viver é o seu objetivo de vida, e você fará tudo por isso. Mas eu gostaria de entender: por que as pessoas são tão negativas a respeito desses futuros apocalípticos? Acho que não vi ainda 1 livro que mostre um futuro melhor, o que chega a ser engraçado. The Walking Dead é uma série que conquistou o mundo e até no jogo de mesmo nome as pessoas se tornam ruins, amargas.O instinto que sobrevive é uma autopreservação maligna de "até onde você vai para se manter vivo?".
     A reflexão que esse estado apocalíptico provoca é muito grande, pelo menos para mim. Inclusive históricamente. Antigamente os mortos-vivos saíam dos cemitérios à noite, andavam muito lerdamente ( o que dava aos humanos uma boa vantagem) e tinham preferência por comer os cérebros humanos. Hoje em dia tudo se resume a algum vírus letal ou acidente químico que começa tudo e em pouco tempo nos deixa sem saída. Os zumbis são muito mais rápidos (especialmente os desse filme) e surgem do nada numa velocidade impressionante. O mais valorizado nesse momento são as armas. Será que existem um motivo para essa ser a unanimidade?
     Enfim... O filme Guerra Mindial Z apresenta alguns aspectos diferentes e muito interessantes. Cai no quesito ame ou odeie, mas com Brad Pitt realmente não existe muito meio termo. Pra mim vale a pena assistir e quem sabe, se você tiver uma alma boa, contribuir para o blog com a sua opinião. Estamos sob ataque iminente sim ou não? O que o seu inconsciente diz? Estamos só aguardando pelo fim? E por que tudo estã tão ligado ao cérebro?

Espero que tenham gostado, queridos!

MI.